Uma das muitas lendas que se tem tecido em torno das origens do Tai Chi Chuan e que faz parte da rica herança cultural da China, conta que na montanha Wudang vivia, há uns 800 anos, um fabricante de elixires chamado Zhang San Feng. Uma noite sonhou que o legendário Xuan Wu, uma das divindades que os taoístas veneram, havia ensinado-lhe a arte do boxe chinês. A partir daquele momento dedicou-se a popularizá-lo, razão pela qual o Tai Chi Chuan foi considerado por alguns por um esporte de origem divino.
Porém qual é a verdadeira origem do Tai Chi Chuan? De cordo com os dados históricos disponíveis, sabe-se que apareceu faz uns 300 anos, finais da dinastia Ming e começos da Qing.

Muitos mestres contribuiram para o desenvolvimento do Tai Chi Chuan, cada um com características próprias mas com pontos em comum:

1. O corpo se extende e relaxa de maneira natural, dando prioridade à flexibilidade. Quando se exercita o executante deve manter o tronco recto, mover-se com naturalidade e agilidade e manter-se sempre em uma posição firme e segura. Alguns tratados clássicos descrevem os seus movimentos da seguinte maneira: “Ao dar um passo largo, há que comportar-se com a mesma tranquilidade de um gato; e quando a força se exerce para a frente, há que fazê-lo com tanta suavidade que deve parecer como quando se tira a seda dos casulos”. Os movimentos, igual como as nuvens no céu, são ágeis e ligeiros, ainda que bem equilibrados e estáveis. O movimento é suave e fluído e os músculos não devem endurecer-se nem porem-se rígidos. A respiração deve ser profunda e constante, e deve estar bem coordenada com os movimentos de abrir e fechar os braços e as pernas. Quando se pratica o Tai Chi Chuan, a exigência de flexibilidade e naturalidade não significa que a execução dos movimentos seja débil e carente de vida. Aliás, é de vital importância combinar o vigor com a suavidade e exercer a força para a frente de maneira apropriada. Não se permite a inércia nem a rigidez.
2. A mente permanece tranquila porém alerta e a consciência deve dirigir o corpo. Ao praticar o Tai Chi Chuan é indispensável que os movimentos sejam guiados pela consciência e que haja quietude no movimento (ou seja, a unidade da quietude e do movimento). Por isso, o Tai Chi Chuan requer a combinação do treinamento físico, mental e respiratório. Na medida em que haja um grau maior de concentração, os movimentos serão mais seguros e poderão regular as funções fisiológicas. Pelo exposto anteriormente, alguns consideram que o Tai Chi Chuan é uma série de “exercícios físicos da consciência” ou “exercícios terapêuticos sem aparelhos”.
3. Durante todo o período de exercícios, os movimentos do corpo devem estar perfeitamente cordenados. O Tai Chi Chuan exige que as mãos, os olhos, o corpo e os movimentos se movam como um todo, tendo as pernas como base e a cintura como eixo. Os movimentos são suaves e lentos. Cada parte do corpo está em constante movimento. Os executores nunca devem actuar como bonecos e jamais devem esquecer os movimentos das pernas e da cintura enquanto põem a atenção nas mãos. Na verdade, quando se pratica o Tai Chi Chuan, os principais pontos de apoio são a cintura e as pernas. A característica principal do Tai Chi Chuan é que o movimento se inicia com os joelhos flectidos e se mantém assim durante todo o processo.

O Tai Chi Chuan é um ramo do Wushu, um desporto tradicional chinês.
A prática de vários séculos tem demonstrado que este tem grande importância na prevenção e cura de enfermidades.

“Na Dança da Harmonia
a música é o som da água.
Um sentir repousado
emana do espírito do guerreiro,
que combate suavemente contra o vento
esquecendo-se de si mesmo.”

Texto extraído do livro: Manual Chino de Tai Chi. Prólogo de Ignacio Cáliz. Dilema Editorial.

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